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32 Mastigadas: 16N e 16S *****
Algum brasiliense já se perguntou como seria ver Brasília com olhos de estrangeiro? E algum estrangeiro já quis conhecer Brasília? O que achará da cidade? Todos dizem ser fria, espaçosa, enfim, diferente.
A diretora paulista, Maria Vitória Canesin, faz um recorte pessoal, mas que não é realmente ainda o que acha da cidade, do que sentiu e sente ao morar em Brasília, no curta 32 Mastigadas.
Esse é o número ideal de mastigadas para se fazer uma boa digestão. No caso, o que precisa ser digerido é essa nova realidade urbana e social. A grande sacada é que se precisa mastigar a capital federal quadra a quadra. São 16 quadras ao norte e 16 ao sul.
O curta é totalmente estético e simbólico, mostrando a Cidade Monumento, metade branca e metade céu. Espelhos representam a imagem da cidade, tudo reflete azul do firmamento. Monumentos representam a estrutura que faz a cidade funcionar. Círculos e voltas representam as tesourinhas, onde se parece estar no mesmo lugar não estando.
Basta dizer sobre o curta: perfeito em sua totalidade. Sem dúvidas, o melhor curta que vi no festival.
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Em 7 minutos, Gui Campos faz uma ponte contraditória entre o discurso do presidente estadunidense George W. Bush e suas ações, simbolizadas pelo quadro de Picasso, Guernica.
O vigilante de um museu cochila, e a TV fica ligada. Enquanto a legenda traduz as palavras aclamadas de Bush, onde incita à bondade, companheirismo e todas essas coisas politicamente corretas; o quadro Guernica se desfaz e mostra o horror dos personagens que sofrem.
"A história se repete. Em tempos de guerra, liberdade é escravidão".
O curta não atrai tanto, mesmo sendo muito bem feito quanto à animação e possuir uma ironia precisa.
Radiohead também cantava na música 2 + 2 = 5 (ignorando se há ligação com o curta ou não) o que poderia ser uma fala de Bush:
Você é um grande sonhador
que tenta consertar o mundo?
Eu ficarei em casa para sempre,
onde dois mais dois sempre é igual a cinco.
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Um curta muito chato, em seu conteúdo, e feio esteticamente, ao tentar envelhecer as imagens. Conta a história do relacionamento amoroso de um casal, capitulado em: atração, traição, fricção, provação e ficção. O tempo do público é mais valioso!
Na música de Zélia Duncan, com o mesmo nome do filme, ela canta:
A pessoa que tanto queria,
antes mesmo de raiar o dia,
deixou o ensaio por outra.
Isso resume o filme.
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Danielle Araújo, do DF, faz um curta documentário, em que conta a história dos poetas brasilienses, da geração do mimeógrafo, e que tiveram que criar sua identidade em um período conturbado - a ditatura.
Nicolas Behr, Luis Turiba, Luiz Martins, Chacal, José Jorge de Almeida, Paulo José da Cunha, Ivan Presença, e Joanyr de Oliveira, atual presidente da Associação Nacional de Escritores, dão entrevistas e contam como foi viver aquela realidade.
Poesia marginal. Poesia de periferia. Poesia jovem. Poesia como salvação. Poesia para descobrir a cidade. Poesia como perigo. Contra-cultura.
O curta mostra também materiais de arquivo e imagens em que os poetas da cidade divulgavam e vendiam seus trabalhos no intervalo de shows, por exemplo. A própria história da revista Bric-Brac é relatada. Um material que serviu para apresentar a poesia de Brasília para o Brasil e para o mundo.
E qual é o tira-gosto de poeta? Coração frito. Eis mais uma história contada no filme.
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